domingo, 6 de novembro de 2011

Sou feminista! de Nádia Bochi

Uma afirmação nada simples.
Frase que faz barulho!

Ser feminista nunca deve ter sido fácil, principalmente nos anos 60 - quando falar de igualdade de gênero era fazer revolução. Mas hoje, a briga ainda é boa. Essa falsa atmosfera de igualdade me revolta!
A maior prova da força do machismo vai além das estatísticas que ainda mostram que um terço das mulheres são agredidas pelos companheiros dentro de casa; supera a força das pesquisas que revelam que as mulheres ainda ganham menos que os homens, pelo mesmo trabalho. Ela está no esvaziamento do sentido da expressão feminismo. Ser feminista hoje é démodé, é coisa de mulher mal amada, de sapatão.
O motivo:
A sensação geral é de uma satisfação hipócrita.
Consigo ouvir uma voz grave gritar: meninas vocês já conseguiram o suficiente, voltem pra suas rotinas e parem de nos incomodar!

Ontem ouvi tantos parabéns, tantos votos de feliz dia das mulheres... Foi uma conspiração universal!
Como comemorar a morte de 129 operárias numa fábrica americana que lutavam por condições suportáveis de trabalho?
Como dar flores e abraços a mulheres que são oprimidas todos os dias?
No meu caso em especial, porque desafiar meu feminismo?

Apesar e justamente por todos vcs que não entendem a importância dessa bandeira: sou feminista, sim!
Feminista do tipo que respeita as guerreiras que saíram as ruas pra garantir meus direitos de hoje; que tem admiração por quem morreu nas fogueiras, ou nas fábricas pra que eu pudesse hoje sonhar viver diferente; ter o direito de me sentir igual.
Sou feminista do ano 2000, que sabe que a briga mais difícil de todo dia ainda é por respeito.
Não aceito os parabéns!




(COMCORDO COM A NÁDIA)
Anatália Nery (Mô)

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